

Correntes de Educação Ambiental
O Centro de Educação Ambiental (CEA) da Julita se dedica a todas as faixas etárias dos atendidos
da Fundação, do berçário ao Núcleo de Convivência do Idoso. Como nosso objetivo é formar pessoas críticas
e ativas, que consigam pensar em soluções com um viés ambiental e de baixo custo econômico, utilizamos dentro das nossas metodologias, intituladas “Dança dos 4 elementos” e “Criando Habitats”, duas correntes principais de educação ambiental.
A autora Sauvé pontua que, dentro da Educação Ambiental, a preocupação com o meio ambiente é um ponto comum, porém há diferentes maneiras de conceber e de praticar a ação educativa neste campo. De acordo com a visão, propósito e forma de atuar, a autora divide em 15 correntes as formas de se fazer educação ambiental.
O CEA tem como um dos objetivos formar jovens que atuem e se preocupem com o meio ambiente, consigam fazer leitura de paisagem, diagnóstico das causas do problema e pensar em possíveis soluções utilizando técnicas de permacultura. Para chegarmos nesse ponto de trabalhar diferentes faixas etárias com o propósito de formação desses jovens, atuamos principalmente através de duas correntes:
A naturalista
Esta corrente é centrada na relação com a natureza.
“O enfoque educativo pode ser cognitivo (aprender com coisas sobre a natureza), experiencial (ver na natureza e aprender com ela), afetivo, espiritual ou artístico (associando a criatividade humana à da natureza)”
SAUVÉ, 2008, p.18
Um dos modelos dessa corrente visa convidar os participantes a viver experiências cognitivas e afetivas
num meio natural, explorando o enfoque experiencial, a pedagogia do jogo e o atrativo de se pôr em situações misteriosas ou mágicas, a fim de adquirir uma compreensão dos fenômenos ecológicos e de desenvolver
um vínculo com a natureza.
Quando colocamos as crianças para brincar, criar, experienciar a natureza e, dessa forma, relacionar-se com ela criando uma forma de afeto é o primeiro passo para que ela, futuramente. passe a cuidar do espaço como algo intrínseco a ela, sem ser dito, cuida porque gosta e se preocupa.
Então através do brincar com os 4 elementos (terra, fogo, ar e água), interagir, estimular os sentidos, trabalhamos a corrente naturalista visando a criação de vínculo e afeto. A natureza nessa corrente também
é vista como educadora e como um meio de aprendizagem:
“A educação ao ar livre é um dos meios mais eficazes para aprender sobre o mundo natural e para fazer compreender os direitos inerentes da natureza a existir por e para ela mesma; o lugar ou papel ou ‘nicho’ do ser humano se define apenas nesta perspectiva ética.”
Nesta perspectiva, crianças de 0 a 4 anos do berçário I e II, Mini Grupos, turmas de contraturno de 4 a 6 anos,
e até os 12 anos vão trabalhar a educação ambiental principalmente através dessa corrente de interagir
de forma recreativa, lúdica e divertida com a natureza.
Conforme eles vão envelhecendo e entendendo assuntos mais complexos, começamos a trazer mais questões e problemáticas para debate. E, assim, começamos a trabalhar outra corrente, chamada de crítica.
Corrente Crítica
Esta corrente trabalha com a análise das dinâmicas sociais que se encontram na base das realidades
e problemáticas ambientais. Esta postura crítica, com um componente necessariamente político, aponta
para a transformação de realidades.
Primeiro, essa corrente começa por confrontar a si mesma, vinculando-se à corrente de ecologia social (organismo preocupado com a transformação social e ecológica por meio de ativismos e da educação), propondo um processo crítico em três tempos: uma fase crítica, uma fase de resistência e uma fase
de reconstrução.
Deste modo, na Fundação Julita, temos atividades de embasamento teórico e aprendizagem das práticas ambientais e permaculturais, leitura de mundo, além de rodas de discussões de problemáticas e situações socioambientais.
Depois, são realizadas: saídas de campo (dentro da Julita ou no território), leitura de paisagem, anotações, análise do problema e, a partir daí, os educandos são convidados a pensar em possíveis soluções, assim como a dividir com os grupos as soluções encontradas, alinhar entre todos e colocar na prática.
“Esta proposição está centrada numa pedagogia de projetos interdisciplinares que aponta para o desenvolvimento de um saber-ação, para a resolução de problemas locais e para o desenvolvimento local. Insiste na contextualização dos temas tratados e na importância do diálogo dos saberes: saberes científicos formais, saberes cotidianos, saberes de experiência, saberes tradicionais etc.. Teoria e ação estão estreitamente ligadas numa perspectiva crítica”.
O prático deve se comprometer neste questionamento porque a busca de soluções válidas passa pela análise das relações entre a teoria e a prática. (...). A reflexão crítica deve abranger igualmente as premissas e valores que fundam as políticas educacionais, as estruturas organizacionais e as práticas em aula.
Portanto, quando pensamos no perfil do público atendido pela Fundação Julita, o contexto e a realidade do território, infraestrutura e tudo o que já foi abordado, é essencial essa construção para a formação de pessoas que sejam proativas, questionem, pesquisem, perguntem, tentem achar soluções e tenham repertório para isso.

Imagine o percurso dessa criança que entra aqui com alguns poucos anos de vida e tem, em seu cotidiano, uma vivência brincante na natureza envolvendo os 4 elementos e o espaço verde que temos aqui, criando
uma relação de afeto e amor com a natureza. Essa construção de vínculo permite e ajuda a esse, agora
pré-adolescente, adolescente e adulto, a cuidar da natureza, trabalhando com um repertório de ações práticas e resoluções de problemas – principalmente utilizando técnicas de fácil acesso e baixo custo financeiro.