

Mãos na terra e observação
A juventude é carregada de muita energia e movimento. Para aterrar e seguir com mais fluidez é fundamental que se conectem com o mundo ao seu redor, se movimentem, colocando as mãos na terra. Em um tempo
de telas e distrações, é essencial oferecer experiências práticas que despertem o interesse e a curiosidade
dos jovens. Essas vivências não só ensinam, mas também envolvem, tornando o aprendizado mais significativo, conectando o grupo.
Durante o processo com o grupo do Inspirar, por exemplo, realizamos uma investigação da fauna e flora presentes na Fundação Julita. Os jovens se permitiram assumir o papel de pesquisadores em campo, observando fungos, líquens, insetos de várias espécies, flores de diferentes cores e formas, além de conhecer uma grande diversidade de árvores. Esse processo os ajudou a direcionar seu olhar para o mundo ao redor, além dos muros da Fundação.
Hoje, eles conseguem identificar árvores no território, sabem quais poderiam ser plantadas nas ruas e, mais
do que isso, sabem cobrar por elas. Desenvolveram também um novo tipo de relação com as plantas e os animais, com destaque para os insetos, que antes causavam medo, mas agora são respeitados e cuidados, com atenção ao seu espaço.
Bioconstrução

Construímos protótipos com o objetivo de apresentar a bioconstrução. O grupo criou pequenos fornos
de barro funcionais, e, após acendê-los, ficaram maravilhados ao perceberem que haviam construído
algo que poderiam aplicar em suas próprias casas. Algo que muitos já haviam visto, por exemplo,
nas casas das avós.
Aprenderam também a usar a terra para criar tintas ecológicas e, em pequenos mutirões, foram dando
vida às paredes do nosso Centro de Educação Ambiental. Nesse processo, aprenderam a valorizar a terra,
o solo fértil e as belezas que estão escondidas sob nossos pés.
Aprenderam a plantar, abrir berços para as mudinhas, preparar e enriquecer o solo para recebê-las, transplantar, regar e cuidar, assumindo a responsabilidade por cada vida que ali nascia. Com esse aprendizado, passaram a ensinar crianças e adultos a fazer o mesmo. Participaram ativamente dos mutirões de voluntariado de empresas e das atividades de plantio com as crianças do Centro para a Criança
e Adolescente, sempre dispostos a compartilhar o que aprenderam.
“A cada gesto, tornaram-se guardiões do que é mais precioso: a vida. Cuidaram do que já temos, seja revitalizando espaços, resgatando uma borboleta machucada no caminho, dando carinho ao cachorro que foi abandonado
no nosso portão, ou aplicando o manejo das tecnologias permaculturais
na Fundação Julita. Essas ações refletem o compromisso com a preservação,
o cuidado com o meio ambiente e todas formas de vida, mostrando que cada um tem um papel fundamental na construção de um futuro mais harmonioso
e equilibrado”.